DESAFIO
REVISE TEXTOS
Por Sandra Dantas Lima
Postado em 13/03/2020
O dilema de Nat King Cole
“A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição.”
Aristóteles
Se estivesse vivo, em 17 de março de 2019, o “inesquecível” Nat King Cole teria feito 100 anos. Dono de uma privilegiada voz unearthly, do tipo que aparece raramente neste mundo, ao longo da vida, Nat se deparou com perseguições que tinham por intuíto impedi-lo de expressar o seu magnífico dom. Uma das manifestações de preconceito mais abomináveis que sofreu ocorreram na cidade de Birmingham, nos EUA. O ano era 1956, e a segregação racial ditava os rumos da música. Em meio ao clima pesado daquela época, foi chamado para fazer dois shows distintos: o primeiro para brancos e o segundo para negros. No início da primeira apresentação, cinco homens invadiram o palco e agrediram covardemente o cantor.
Além desse episódio de violência, Nat foi atinjido pela crítica implacável de militantes negros, que o recriminaram por ter concordado com a divisão da platéia em seus espetáculos. É possível que, antes de aceitar cantar separadamente para os dois grupos, o artista tenha pensado: se não me apresentar, deixarei de mostrar o meu trabalho e ganhar o meu dinheiro. Porém, se me apresentar, sofrerei algum tipo de pressão por parte de meus irmãos de cor.
O fato é que ele se apresentou, e sua decisão lhe trouxe inúmeros aborrecimentos, que o fizeram declarar mais tarde: “Sempre acreditei que, cantando para negros ou brancos, separados ou não, eu contribuiria de alguma forma para atenuar as tensões entre eles. Naquela noite, em Birmingham, descobri que nenhum dos dois lados pensavam como eu. Foi uma descoberta doloroza.”
Nat King Cole, com essa declaração, demonstrou estar acima de qualquer conflito. E demonstrou principalmente ter a postura de um grande artista. Um artista que não a toa recebeu a alcunha de rei no próprio nome.
Compromisso com a excelência textual
